quinta-feira, 31 de janeiro de 2019

Ela morreu em 2017 e de lá pra cá, as coisas mudaram muito...as ruas, os prédios (alguns concluídos,mas vazios, alguns em tempos outros lotados, hoje estão deteriorados), as pessoas...Toda vez que passa pelo centro da cidade é como se estivesse vendo pela primeira vez aquela avenida cheia de movimento de carros, ônibus e pessoas - muitas pessoas de um lado para o outro.
Quando chega na sua casa, vê-se mergulhada numa bolha de quatro quartos e uma varanda, cuja vista é um rio de prédios, ela chora copiosamente, mas ninguém vê as lágrimas jorrando por dentro. Ás vezes, o ímpeto é sair imediatamente daquela bolha, pois, há dias que a impressão é de sufocamento..outras vezes, a bolha é tão confortável. Ela luta diariamente com sua mente que parece um mar, ora violento (com tsunamis terríveis que embolam todos os pensamentos de uma só vez, deixando-a em estado de alerta, como na floresta dos solitários), ora calmo (de uma calmaria tão tediosa que ela vê tudo em câmera lenta, como se as horas, minutos e segundos não quisessem fazer o seu ciclo)....




terça-feira, 7 de junho de 2016

Anna de Odayá



Quando ela nasceu era tão pequena

E os cabelos pretos que nem à noite no amazonas

E tudo se fez mais lindo

Como o luar cheio em sua plenitude

O tempo passou

E ela moça ficou

Com uma beleza tão peculiar

Apaixonada pela vida

Pela água

Pela dança

Pelo rio

Pela justiça

Oh Anna,

Tu és a minha princesinha

Que está a brincar na beira do rio

E onde tu és contemplada sereia

Oh minha princesa,

Minha filha tão amada

Não fiques triste

E aí nestas terras não te demores

Pois que há muita saudade aqui em Belém...

Minha princesinha

Minha pérola

És corajosa

Pra enfrentar as atribulações do universo.

Todos os dias, uma canção pra ninar teus sonhos eu canto...

Oh Anna, minha pérola.

Tô te esperando...

Com amor

Mãe Odayá

segunda-feira, 30 de maio de 2016

La Soledad

desceu a 7 e lá de cima avistou o rio
Já na Silvério viu o prédio
E assim que abriu a porta,
sentou-se no sofá
permanecendo ali por horas a fio
ouvindo música e relendo poemas
Trabalhando
La Soledad
Comendo
Chorando
Arrumando
Escrevendo
ANSIEDADE
Sem tempo pra receios


Meia-noite se levantou já embriagada de saudade
e foi dormir...


"Ilustração de Idalia Candelas - La soledad posmoderna"

quarta-feira, 25 de maio de 2016

Os Versos

" O amor é um bálsamo para as dores
  e luz para nos conduzir nos caminhos tortuosos.
  Vários versos de amor eu li,
  Li diversos autores falando sobre o amor.
  sobre a "multicotomia" dele...
  Ora se fala de um amor transcendental
  Ora de um amor movido pela "paixões" humanas...
  Ora de um amor não-sei- de-que
  Aquele amor que me referi nos dois primeiros versos
  É  o de querer o bem do outro, porém, sem se machucar
  Ou deixar que lhe machuquem -  é algo bem difícil, confesso!
  É o que sabe perdoar!
  É o que cede, em vez de só exigir: "- Quintana, Ai de mim!"
  É o que cala para ouvir....

Se o silêncio falasse…


Se o silêncio falasse da dor de um amor
Se o silêncio falasse das lágrimas que percorrem ligeiramente ao mar
Se o silêncio falasse quando nos calamos
Se o silêncio falasse
O silêncio…

segunda-feira, 23 de maio de 2016

Desolação

Ele despertara um tanto cético
e os pensamentos perfeitamente delineados se perderam
quando o vento tocou em seus cabelos
e água do rio os seus pés
ficara trôpego

O amargor da insegurança atravessara sua alma novamente


Estava pesado
e pensou que trôpego poderia se iludir
com a beleza das palavras que lhe diziam,
mas, em seus momentos de insegurança
Não conseguia ver profundidade em muitas coisas ditas
e bem desolado por se achar ameaçado
duvidava de tudo...
de si mesmo
da dor
de Neruda
da vida
do engano
e até mesmo do amor
Quanta desolação!



Foto: A. Antunes, 2014 - Santarém/Pará/Brasil

segunda-feira, 16 de maio de 2016

FLUIDEZ

Esses versos são pra esvaziar
a minha mente alucinada
do dia-a-dia
que percorre milhas e milhas
em um só dia

Quero poder derrubar o meu vaso
de pensamentos no rio
E sentir a fluidez

E voltar pra casa  leve e com a esquecida sensatez...