quarta-feira, 14 de outubro de 2015

PELA JANELA DO QUARTO

 
Da janela do hotel, ela fitava as ruas Viamonte¹ e Paraná e não via nenhuma pessoa, nenhuma vivalma... O frio era protagonista dos dias que se sucederam a sua estadia. O céu completamente fechado e a chuva fina e “insistente” deixavam-na um pouco paranoica. Na frente, havia um prédio, mas, ninguém olhava na janela, observou que nono andar havia alguém – não conseguiu distinguir pela silhueta se era homem, mulher ou uma criança vendo televisão – aqueles programas enfadonhos. Aquela situação estava a consumindo, como o fumante consome o seu cigarro. As lembranças da terra com o céu azul e com poucas nuvens, do calor e do encontro dos rios a faziam sorrir num momento de lucidez, mas, tão acabava de sorrir e o surto voltava novamente, entretanto, a única pessoa que poderia perceber o lugar paralelo em que se encontrava, estava dormindo... No outro canto, tinha outro prédio antigo e muito rico em detalhes, se prendia aqueles detalhes rebuscados na tentativa vã de imaginar quem vivera ali e como tinham vivido... Será que eram felizes? Ou será que tiveram um desatino?Oh meu Deus! Isso é um sonho? Que vontade de gritar bem alto...

¹ Viamonte é uma rua da Cidade de Buenos Aires - Há vários casarões antigos e nas proximidades, observa-se uma grande quantidade de pequenos teatros.