Da janela do hotel, ela fitava as ruas Viamonte¹ e Paraná e
não via nenhuma pessoa, nenhuma vivalma... O frio era protagonista dos dias que
se sucederam a sua estadia. O céu completamente fechado e a chuva fina e “insistente”
deixavam-na um pouco paranoica. Na frente, havia um prédio, mas, ninguém olhava
na janela, observou que nono andar havia alguém – não conseguiu distinguir
pela silhueta se era homem, mulher ou uma criança vendo televisão – aqueles programas
enfadonhos. Aquela situação estava a consumindo, como o fumante consome o seu
cigarro. As lembranças da terra com o céu azul e com poucas nuvens, do calor e
do encontro dos rios a faziam sorrir num momento de lucidez, mas, tão acabava
de sorrir e o surto voltava novamente, entretanto, a única pessoa que poderia perceber o
lugar paralelo em que se encontrava, estava dormindo... No outro canto, tinha outro prédio antigo
e muito rico em detalhes, se prendia aqueles detalhes rebuscados na tentativa
vã de imaginar quem vivera ali e como tinham vivido... Será que eram felizes? Ou
será que tiveram um desatino?Oh meu Deus! Isso é um sonho? Que vontade de gritar bem
alto...
¹ Viamonte é uma rua da Cidade de Buenos Aires - Há vários casarões antigos e nas proximidades, observa-se uma grande quantidade de pequenos teatros.